A investigação dos roubos contra aposentados do INSS atingiu um novo patamar de tensão e revelações. Na última sessão da CPMI, o que parecia ser uma votação rotineira de requerimentos de convocação transformou-se em um embate político acalorado, expondo os desafios e as informações de bastidores que permeiam a apuração desses crimes.
O ponto central da discórdia foi a proposta de convocar familiares de Antônio Camilo, o “Careca do INSS”. Em um momento crucial, o senador Cid Gomes trouxe à tona uma informação sigilosa: a existência de uma “ação em curso” que poderia ser seriamente comprometida pela publicidade das convocações. A suspeita de uma delação premiada em andamento pairou sobre a sala, sugerindo que a pressa em convocar poderia, paradoxalmente, atrasar ou inviabilizar avanços significativos na investigação.
Apesar do alerta e do pedido de adiamento, o presidente da CPMI, Carlos Viana, optou por prosseguir com a votação. Sua justificativa: a independência da comissão e a necessidade de comunicação oficial caso houvesse uma delação. O resultado foi a aprovação dos requerimentos, mas também um confronto direto entre os senadores, que culminou em acusações de autoritarismo e na reafirmação da prerrogativa da presidência.
Este episódio não apenas lança luz sobre os nomes e os métodos dos envolvidos nos desvios do INSS, mas também sobre a complexidade da própria investigação. A urgência em dar respostas aos aposentados lesados se choca com a necessidade de sigilo em operações estratégicas. O que se viu na CPMI foi um microcosmo da batalha travada nos bastidores para desvendar um dos maiores esquemas de fraude contra a população mais vulnerável do Brasil.